Um blog sobre pessoas, relações e tudo o que nos une.
.posts recentes

. Uma carta

. Gritos, acusações e discu...

. Relações: O jogo da culpa...

.arquivos

. Fevereiro 2010

. Setembro 2008

. Julho 2008

. Julho 2007

. Junho 2007

. Março 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Setembro 2006

Segunda-feira, 25 de Junho de 2007
Uma carta
Uma das terapias que utilizo para canalizar a raiva é a de verbalizar. Ou seja, peço às pessoas para escreverem uma carta, um texto, qualquer coisa de forma a poderem ver o que sentem em determinado momento da sua vida. O texto que apresento aqui, foi escrito por uma pessoa que sigo há muitos anos. Vou-lhe chamar Manuel, protegendo a sua identidade, obviamente.

"Vejo-te dormir sossegada, calma e serena. Ainda há pouco discutíamos e agora, dormindo serena, já não apreces a fera que eras à duas horas atrás. Porque disseste o que disseste? Porque me magoas deliberadamente. Porque tem de ser sempre assim?


Tens o condão de despertar em mim tudo o que há de mau. Tudo aquilo que tenho medo que os outros vejam. Tudo aquilo que eu tenho medo de ser, e sou. Salta cá para fora tudo aquilo que enterrei bem fundo, onde eu julgo que nem eu posso encontrar. A raiva, a violência. O ódio. Sempre me considerei uma pessoa pacata. Nunca gostei de levantar grandes ondas, nem discutir só por discutir. Mas tu consegues-me tirar do sério. Esquecer todos os ensinamentos Budistas que abundam a minha cabeça. Consegues-me fazer esquecer quem sou, quem quero ser.


Amo-te com a força de mil guerreiros da Luz. Amo-te e faria tudo por ti. TUDO! Mas sinto que me fazes mal. Que me matas aos poucos por dentro. Apenas tenho medo que um dia, me esqueça do que quero ser e deixe vir ao de cima a verdadeira besta. Aquilo que eu não quero ser. Aquilo que todos conseguimos ser numa altura ou n'outra da nossa vida. Nessa altura, só peço coragem e força para voltar a adormecer o bicho. Voltar a ser eu.


Depois vejo-te assim, serena e calma. A dormir. Imagino o teu sonho. Imagino o que te passará pela cabeça. Sem nunca desejar de facto saber o que por lá anda. Isso nunca. Não conseguiria sobreviver a pensar que pensas o que acho que pensas. Tenho medo que me deixes. Pavor mesmo. No entanto, em certas alturas penso que seria o melhor. Melhor para ti. Melhor para o nosso filho. Em ocasião nenhuma ele poderá ver a pessoa que eu posso ser. Não quero. Não posso. Não seria justo. Não para ele. Tem tempo para perceber o quão más as pessoas podem ser. O quão vis e insensíveis.


Ele tem tempo para ver a raiva e o ódio. Deixa-o viver ainda no mundo de fantasia. Tem tempo. Agora, aqui, acordado, com o mundo inteiro a passar-me pela vista, penso o que devo fazer. O que é mais simples? O que é mais correcto? O que é mais justo? Sinceramente, não sei. Não consigo tomar esta decisão. Não consigo. Sou um fraco. Mas sou eu.


Não sirvo para muito. Mal consigo manter esta casa. São mais os problemas que trago que os que resolvo. E mesmo os que resolvo, normalmente é apenas para criar mais problemas. Sei que o problema sou eu. Mas vou resolver isto. De uma vez por todas. E tu, e principalmente ele, ficarão para sempre bem."


Manuel tentou suicidar-se após ter escrito este texto. Foi impedido por um amigo que me ligou de madrugada. Desde então tem sido um caminho penoso mas proveitoso. O amor próprio estava destruído e a auto-estima era completamente inexistente. Agora já consegue sorrir e olhar as pessoas de frente. Mas não é facil especialmente para ele.

Antes de se iniciar no jogo destrutivo das culpas, verbalize o que sente. Escreva-o. Depois, uns dias depois, releia como se fosse um texto de outra pessoa. Veja exactamente a pessoa que se está a tornar e pense se é isso que quer para si. Muitas vezes olhar para nós do ponto de vista da terceira pessoa, da-nos o abanão suficiente para andarmos em frente.
publicado por Zen às 11:32
link do post | comentar | ver comentários (4) | favorito
Gritos, acusações e discussões
Um dos reflexos naturais dos problemas numa relação são as discussões. Tudo serve para argumentar e discutir. Mesmo aquelas coisas que achamos graça na outra pessoa torna-se o seu maior defeito nesta altura. Muitas vezes o problema nem é a relação, é apenas algo que afecta o casal de alguma forma. Numa altura em que o s problemas financeiros imperam, é frequente discutir pela falta dele. O problema é que, quando se começa a discutir, é difícil parar. Velhas questões por resolver se levantam, frequentemente sem nenhuma relação directa com o problema em si. Depois dizem-se coisas que não se deviam. separadosCoisas que não se podem retirar. A palavra dita e a pedra atirada, já não podem ser retiradas. É inevitável.


Dizem-se e fazem-se coisas. Grita-se. Insulta-se. Magoa-se deliberadamente. Na altura em que o que faz mais falta é carinho e compreensão, há uma feira de insultos e de magoar de propósito. Poucas são as relações que sobrevivem a um clima assim, de guerra constante.


Tente ser mais compreensiva nesta altura. Tente refrear-se. Vai ver que, após a crise estar resolvida, os problemas parecerão mais simples e mais transponíveis. A vida normalmente apresenta-nos saídas e soluções. Se estivermos ocupados a gritar e a discutir, dificilmente se verão essas soluções. Discutir, raramente é a resposta ou a solução. Só cria problemas satélite que muitas vezes levam ao fim da própria relação.

publicado por Zen às 11:13
link do post | comentar | favorito
Quinta-feira, 7 de Setembro de 2006
Relações: O jogo da culpa.
Nenhuma relação é um mar de calmaria sempre. Não existem relações em discussões e sem problemas ocasionais. Discussões pequenas e grandes são apenas coisas que acontecem na vida de cada um.

O jogo da culpaMas para além da normalidade, há ocasiões em que essas pequenas discussões se tornam em algo maior. Nessas alturas há vários caminho a percorrer. Tipicamente dois: o caminho difícil e o caminho fácil .

O caminho fácil é o que normalmente os casais seguem. Gritam e apontam o dedo um ao outro. Tentam desesperadamente passar a culpa para o companheiro, A todo o custo encontrar um culpado. Muitas vezes culpam a mão, a sogra, os amigos, o futebol e até o emprego. Muitas vezes vem a desconfiança e com ela, mais discussão .

Discutimos sem tentar perceber o que se passou, sem nos pormos na posição da outra pessoa. E, aos poucos, matamos a nossa relação . As relações são feitas de pequenos pedaços de vida, de pequenas histórias, e dessas, as discussões também são parte integrante. Quantos de nós somos perfeitos? Ninguém. Todos nós temos um dia ou outro em que estamos mais embirrantes e se há dias em que a mínima coisa serve para rebentarmos, outros dias há em que pode cair tudo e parece que nada nos afecta.

O caminho é sempre simples, mas difícil . É parar. Ouvir e colocarmo-nos na posição do outro. Ouvir a questão com os ouvidos do outro. E antes de procurar um culpado, perceber porque é que aconteceu e tomar providências para que não volte a acontecer. Depois, se assim for necessário (e 90% das vezes não o é) então apuram-se responsabilidades . Com estes pequenos exercícios de vida, conseguimos ser melhores para nós, e para os nossos companheiros.

Jogar o jogo da culpa é muito perigoso. E, normalmente, ninguém ganha. A única maneira de ganhar, é não jogar.

Para pensar....
publicado por Zen às 21:39
link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito
.pesquisar
 
.tags

. todas as tags

.links
.subscrever feeds