Existem cheiros que gostamos particularmente. Outros pelos quais sentimos completa repulsa. Uns conseguimos habituarmo-nos, outros nem por isso. Mas, e nas relações? Poderá o cheiro ou o gosto ter alguma influência?

É certo que as memórias sensoriais têm um papel muito importante na nossa vida afectiva. Os cheiros, as imagens, os sabores e os toques representam praticamente 70% das nossas memórias. Nas relações ainda mais. O cheiro, em particular, é um dos aspectos mais fundamentais da nossa condição amorosa. Todos os animais comunicam através do cheiro, quer deixando-o marcando o seu território , quer emanando-o salientando um estado (como o cio por exemplo.
Nós humanos passamos muitas vezes ao lado deste facto. Mas a verdade é que poucas coisas nos atraem ou repelem mais que o cheiro e o sabor. Até o mesmo sabor, por exemplo, em diversas bocas pode ter reacções diferentes. Sabores fortes como o tabaco, o alho ou a cebola, podem ter, em algumas bocas, um efeito de repulsa, enquanto noutras podem ajudar a aumentar o nosso interesse.
O suor, esse tem um lugar especial no inconsciente de nós todos. Aquela pessoa, aquela mesmo, pode estar completamente coberta de suor que será afrodisíaco. No entanto, esse mesmo suor pode ser quase agoniante num transporte público.
As pessoas têm a tendência a mascarar o seu cheiro natural. Perfumes, sais de banho, cremes e toda uma parafernália de coisas são usadas para tapar aquilo que nos toca únicos e, de facto, atraentes. Da próxima vez que se estiver a preparar para um encontro com alguém especial, em vez de colocar o tal perfume que só se usam em ocasiões especialíssimas, tome o seu banhinho e saia sem qualquer odor artificial. Esta é a melhor forma de sabermos, de facto, se a pessoa com que estamos é um par, ou um dos inúmeros impares que por aí andam.
É apenas uma ideia :)
Texto: Rui Castro
Fotografia: Luke Gattuso