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Segunda-feira, 25 de Junho de 2007
Uma carta
Uma das terapias que utilizo para canalizar a raiva é a de verbalizar. Ou seja, peço às pessoas para escreverem uma carta, um texto, qualquer coisa de forma a poderem ver o que sentem em determinado momento da sua vida. O texto que apresento aqui, foi escrito por uma pessoa que sigo há muitos anos. Vou-lhe chamar Manuel, protegendo a sua identidade, obviamente.

"Vejo-te dormir sossegada, calma e serena. Ainda há pouco discutíamos e agora, dormindo serena, já não apreces a fera que eras à duas horas atrás. Porque disseste o que disseste? Porque me magoas deliberadamente. Porque tem de ser sempre assim?


Tens o condão de despertar em mim tudo o que há de mau. Tudo aquilo que tenho medo que os outros vejam. Tudo aquilo que eu tenho medo de ser, e sou. Salta cá para fora tudo aquilo que enterrei bem fundo, onde eu julgo que nem eu posso encontrar. A raiva, a violência. O ódio. Sempre me considerei uma pessoa pacata. Nunca gostei de levantar grandes ondas, nem discutir só por discutir. Mas tu consegues-me tirar do sério. Esquecer todos os ensinamentos Budistas que abundam a minha cabeça. Consegues-me fazer esquecer quem sou, quem quero ser.


Amo-te com a força de mil guerreiros da Luz. Amo-te e faria tudo por ti. TUDO! Mas sinto que me fazes mal. Que me matas aos poucos por dentro. Apenas tenho medo que um dia, me esqueça do que quero ser e deixe vir ao de cima a verdadeira besta. Aquilo que eu não quero ser. Aquilo que todos conseguimos ser numa altura ou n'outra da nossa vida. Nessa altura, só peço coragem e força para voltar a adormecer o bicho. Voltar a ser eu.


Depois vejo-te assim, serena e calma. A dormir. Imagino o teu sonho. Imagino o que te passará pela cabeça. Sem nunca desejar de facto saber o que por lá anda. Isso nunca. Não conseguiria sobreviver a pensar que pensas o que acho que pensas. Tenho medo que me deixes. Pavor mesmo. No entanto, em certas alturas penso que seria o melhor. Melhor para ti. Melhor para o nosso filho. Em ocasião nenhuma ele poderá ver a pessoa que eu posso ser. Não quero. Não posso. Não seria justo. Não para ele. Tem tempo para perceber o quão más as pessoas podem ser. O quão vis e insensíveis.


Ele tem tempo para ver a raiva e o ódio. Deixa-o viver ainda no mundo de fantasia. Tem tempo. Agora, aqui, acordado, com o mundo inteiro a passar-me pela vista, penso o que devo fazer. O que é mais simples? O que é mais correcto? O que é mais justo? Sinceramente, não sei. Não consigo tomar esta decisão. Não consigo. Sou um fraco. Mas sou eu.


Não sirvo para muito. Mal consigo manter esta casa. São mais os problemas que trago que os que resolvo. E mesmo os que resolvo, normalmente é apenas para criar mais problemas. Sei que o problema sou eu. Mas vou resolver isto. De uma vez por todas. E tu, e principalmente ele, ficarão para sempre bem."


Manuel tentou suicidar-se após ter escrito este texto. Foi impedido por um amigo que me ligou de madrugada. Desde então tem sido um caminho penoso mas proveitoso. O amor próprio estava destruído e a auto-estima era completamente inexistente. Agora já consegue sorrir e olhar as pessoas de frente. Mas não é facil especialmente para ele.

Antes de se iniciar no jogo destrutivo das culpas, verbalize o que sente. Escreva-o. Depois, uns dias depois, releia como se fosse um texto de outra pessoa. Veja exactamente a pessoa que se está a tornar e pense se é isso que quer para si. Muitas vezes olhar para nós do ponto de vista da terceira pessoa, da-nos o abanão suficiente para andarmos em frente.
publicado por Zen às 11:32
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De Triste a 30 de Agosto de 2007 às 10:18
esta carta foi exactamente o meu pensamento neste ultimo ano e maio, agora estou a tentar separar-me, mas ainda é muito fresco e para dificultar as ocisas vem um filho a caminho.
publiquei esta carta no meu recente blog, com os devidos créditos claro
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